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Análise – Thrustmaster TCA Sidestick Airbus Edition

Com a chegada do novo Microsoft Flight Simulator (que analisámos aqui, aqui e aqui), o mundo da simulação de voo tem agora um novo fôlego. Sempre atenta, a Thrustmaster não perdeu tempo a lançar um novo produto. O novo Thrustmaster TCA Sidestick Airbus Edition é também o primeiro de uma nova linha dedicada à aviação civil.

O céu é, de facto, o limite do que se pode fazer em termos de periféricos para simuladores. Habituada que está a fazer produtos de elevada qualidade com licenças de fabricantes e marcas conceituadas, era uma questão de tempo até que também os aviões recebessem algo fruto de parcerias ao mais alto nível. É que este novo joystick é também, pelo menos que me lembre, o primeiro produto de simulação inteiramente licenciado pela Airbus Industries, a famosa construtora de aeronaves civis (e militares). E é também a primeira vez que vejo um periférico construído como uma réplica, neste caso do sidestick de um Airbus A320, sem custar um inteiro “orçamento familiar anual”. Se há alguns anos me perguntassem se podíamos comprar uma réplica de um controlo real por apenas 75€ (PVP médio recomendado), diria que era impossível.

Mas, como sempre, não basta ser barato. Quando falamos de algo que tenta replicar um controlo real, é óbvio que procuramos que seja parecido e tenha funções igualmente parecidas. Estamos sempre dispostos a ceder em alguns pormenores, por exemplo, se o corpo do equipamento é feito em plástico e não em metal como o real. Mas, se esse material for de má qualidade ou mal concebido, não terá grandes prestações ao fim de uns tempos. Claro que estamos a falar de algo vindo da Thrustmaster, que não deixa o seu crédito em mãos alheias. O seu preço não permitiria um produto feito em metal, no entanto, a base de fabrico usada neste sidestick é uma plataforma muito conhecida e aclamada.

Essa base para este novo produto é o famoso Thrustmaster T16000. Sim, um dos controlos de gama acessível mais famosos e apreciados no mundo dos simuladores de voo. E não é por mero acaso ou apenas uma questão de preço simpático. Com o seu sensor magnético da tecnologia HEART (Hall Effect AccuRate Technology), possui imensa precisão e fiabilidade, uma longevidade impressionante (porque não tem partes móveis nos sensores), imensos botões disponíveis e ainda pode ser alternado para destros e esquerdinos e tudo. O novo TCA Sidestick herda tudo isto, prescindindo apenas da sua luz ambiente. Mas, como não podia deixar de ser, não pensem que é uma cópia simples de outro produto.

 

O primeiro contacto com o controlo, dará a entender que a sua base é francamente semelhante à do T16000. De facto, possui o mesmo formato e disposição dos seus 12 botões laterais, tendo até o controlo de potência (slider) na sua parte traseira. Mas, acabam aí as semelhanças. Obviamente, a decoração é diferente, com o célebre azul Airbus que decora os painéis dos aviões reais e um lettering branco para oferecer o necessário contraste. Se dúvidas haviam que este era um produto licenciado, as letras “garrafais” da Airbus deixam isso bem claro para todos na sua base. E quando subimos para a pega em si, então, teremos todo um novo modelo para apreciar.

Esta pega é uma recriação à escala 1:1 do famoso sidestick do Airbus A320 (e não só, toda a família Airbus partilha este controlo). Embora hajam algumas diferenças no design da TM, sobre as quais já falarei a seguir, até é semelhante no seu formato básico. Convenhamos que esta nunca foi uma pega muito ergonómica em termos de acomodação da mão. Mas, aí a Thrustmaster não fez mais do que recriar o conceito vindo dos engenheiros da Airbus. É um design simples, feito para ser funcional, tendo na frente um gatilho, o chamado “Push-To-Talk” para as comunicações por voz via rádio e no topo lateral um botão vermelho de “Take-Over”, o equivalente ao botão para desligar o piloto automático mas também tem outras funções na lógica do software da Airbus.

De modo a aproveitar bem o espaço neste sidestick, porém, a Thrustmaster adicionou outros dois controlos no topo. No centro ao alcance do polegar, temos um selector rotativo, ideal para o controlo de movimento da câmara. Temos também um pequeno botão adicional circular no lado oposto do botão de “Take-Over”. E ainda há um pequeno botão por cima do gatilho na parte frontal. Isto, somado aos botões da base, totaliza uns impressionantes 17 botões para controlo. É mais que suficiente para operar a maioria das aeronaves em simulador sem recorrer ao teclado. Tudo bem, a adição de botões fictícios não é propriamente realista, mas a sua integração aqui é até bastante sóbria e não estraga em nada o seu aspecto.

Continuando nas suas características peculiares, temos de falar da base da pega. Possui um competente descanso para as mãos na parte inferior, igualmente larga como a pega real em que se inspira. E na parte da frente há um curioso botão embutido que, à partida, poderá não ser muito intuitivo. Contudo, possui uma função muito importante. Saibam que este sidestick possui também um controlo de “twist”. Ou seja, poderão torcer a pega para simular o controlo do leme vertical através dos pedais (ou do tiller). Mas, descansem os puristas. Este tal botão na frente, uma vez pressionado para baixo, permite bloquear este eixo. Assim, não terão uma “torção” inesperada da pega durante a operação.

Outra grande funcionalidade, é também herdada do T16000, a possibilidade alternar o formato e disposição da pega para a mão esquerda ou para a mão direita. Para isso, terão de seguir dois passos: comutar essa opção num interruptor na parte inferior da base e trocar a posição dos botões no topo. Infelizmente, essa última operação não é tão simples como no T16000, que usa umas pequenas peças de plástico para encaixar. Aqui o conceito é o mesmo mas estas peças são aparafusadas no sidestick. É só um ligeiro inconveniente, que vos obriga a ter uma chave de parafusos (não fornecida) à mão. Não creio que alguém alterne de lado muitas vezes, admito. Ainda assim, uma solução magnética era interessante, como já vimos noutros produtos da TM.

Curiosamente, não é só possível alterar a posição clássica dos botões no topo, é também possível combiná-los, tendo dois botões vermelhos ou dois botões esféricos pretos. Não sei porque o fariam, mas é possível. Contudo, tirá-los por completo é que não é possível sem que fique um buraco no seu lugar. Gostaria que pudesse ter uma simples tampa para o caso de querer apenas um botão lateral para ter algo mais próximo da realidade, por exemplo. E também gostava que fosse possível remover e tapar o tal selector rotativo no topo, que também não existe no real. Estão lá os parafusos mas não está prevista a sua remoção. Não é algo problemático, afinal basta não programar estes botões se não os queremos usar.

Vamos ao que realmente interessa, a sua operação em simuladores de voo. Devo dizer-vos que sou um grande fã da tecnologia HEART da Thrustmaster. Estes sensores magnéticos são realmente muito precisos e extremamente reactivos. Tive a oportunidade testar os controlos de vários aviões, não apenas do Airbus A320 e a resposta em aviões de controlo linear foi sempre muito competente, sem atrasos ou reacções inesperadas. A minha comparação possível é com o meu amado Thustmaster HOTAS Warthog, que embora já tenha uns anos em cima, partilha da mesma tecnologia HEART e está aqui para provar que é verdadeiramente preciso e durável. No sidestick, claro, a operação é só um pouco mais leve, também fruto da sua construção em plástico.

Claro que o tive de testar na família Airbus, bem a tempo das duas novidades de peso neste segmento de simulação. Não podia deixar de experimentá-lo no popular Microsoft Flight Simulator, escolhendo o seu Airbus A320 NEO incluído, que, embora ainda muito incompleto e embrionário, não deixou de ser uma experiência única que beneficia bastante da precisão do sensor magnético. Mas, também usei o muito completo Aerosoft A320 Professional no Prepar3D V5. Esta será uma análise para um futuro próximo, mas adianto que este sidestick foi importante para uma operação fluida e de encontro à performance esperada. Apenas ressalvo que o bloqueio do pequeno controlo de potência não tem “detents” para o Auto-Thrust e a zona para activar a reversão dos motores é algo ténue demais.

O sidestick real a bordo de um Airbus A320.

Mas, porque há sempre um “mas”, não esperem mesmo uma recriação fidedigna dos controlos do Airbus A320. Notem que isto que vou mencionar, nada tem a ver com a qualidade de construção, com a fiabilidade do controlo mecânico ou sequer com o design geral da Thrustmaster. Tem a ver com uma realidade única nos controlos da Airbus e que é preciso assinalar. Os aviões da construtora Europeia não são controlados por sistemas analógicos lineares. Usam um sistema chamado de Fly By Wire, o que significa que as superfícies de controlo são operadas por computadores dedicados. O que os pilotos fazem é enviar comandos de manobra com os seus sidesticks. E isto cria um problema para os joysticks convencionais que conhecemos. Inclusive, este.

Operar um avião com FBW significa que esses sidesticks não possuem um grande curso de manobra, ou seja, não se movimentam tanto nos seus eixos quando operados. Possuem apenas um pequeno curso para dar incrementos de manobra, dando-nos um pequeno feedback de posição e apenas isso. Obviamente, se a TM replicasse esse curto movimento de operação, só poderíamos voar aviões com FBW ou com operação semelhante. E todos os demais aviões teriam um controlo estranho, baseado em incrementos curtos. Lembram-se dos velhinhos joysticks de arcada? Seria algo assim, um pouco maior e sem os célebres “clicks”. Ora, simplesmente não iríamos querer algo assim para todos os aviões, a não ser que procurássemos uma réplica perfeita de algo tão peculiar.

É, portanto, uma cedência. Mais uma, se adicionarmos o seu design com mais botões, a falta do (feio) fole na base e as suas soluções herdadas do seu “irmão” mais velho T16000. Em nada isto diminui a qualidade do controlo, repito, nem sequer lhe remove o apreço pelo seu aspecto tão próximo do controlo real. Entendo porque a Thrustmaster o criou desta forma, um controlo acessível para todos que dá uma excelente experiência no geral, vinda de uma plataforma de sucesso comprovado. Apenas prevejo que muitos que procurem algo mais próximo do avião real ficarão um pouco desapontados. Contudo, nunca encontrarão algo realista com este preço, nem com esta facilidade de instalação e configuração.

Só para terem uma ideia, uma réplica realista de um sidestick, só para um dos lados, seja de comando à esquerda ou à direita (dificilmente para os dois lados), pode custar algo para cima de 3500€. E não esperem colocá-lo em cima da mesa. É preciso uma base para o colocar, geralmente também uma réplica do que está num cockpit real. E é bem possível que ainda precise de software de controlo e, em alguns modelos, também de hardware adicional dedicado. Agora, para quem quer um joystick funcional, fácil de usar e que ainda por cima é tão semelhante ao sidestick real de um Airbus, não há que hesitar. E mesmo quem não se ligue a marcas, temos aqui um controlo de qualidade, com acabamento impecável a pensar na durabilidade a preço simpático.

De notar que esta nova linha TCA (Thrustmaster Civil Aviation) deu início a uma nova era na TM, neste caso na simulação de voo civil. Este TCA Sidestick é apenas o primeiro de uma série de periféricos, que incluem um novo quadrante de potência e add-ons de flaps e spoilers, também licenciados pela Airbus. Há ainda uma base para colocar estes periféricos em mesas, todos estes extras só chegarão no próximo mês. E creio que esta linha patrocinada pela construtora Europeia poderá ser alargada a outros construtores. Quem sabe um dia teremos um novo manche licenciado de uma grande construtora aeronáutica na mesma linha de produtos. Fica o desejo, pelo menos.

Será também de esperar alguma possível renovação de imagem ou de funcionalidade nos demais produtos de simulação. Como disse no início, este é o momento certo. Com o novo simulador da Microsoft a dar cartas, com o DCS World a subir tão rápido de qualidade, com o recentemente lançado P3D V5 a inovar e ainda com o X-Plane 11 a receber uma nova actualização com o API Vulkan. Se há altura propícia a novos periféricos, é esta, de facto. E estou certo que a Thrustmaster não vai deixar passar esta excelente oportunidade. Vejamos o que nos reserva ao nível de periféricos para voo simulado, tanto civil, como militar.

Veredicto

Herdando as boas ideias da emblemática série T16000, este é um sidestick ideal para quem procura um controlo de qualidade, com imensas teclas e controlos compactos, sem necessidade de dispositivos adicionais de potência ou até de pedais. Os que, por outro lado, buscam a réplica do avião real, encontram no TCA Sidestick Airbus Edition a solução mais simpática para controlar um Airbus com as funcionalidades necessárias. Obviamente, não é uma réplica perfeita, com algumas cedências de design e de controlo, se quisermos comparar com o real. Contudo, a vasta maioria procura algo que tenha qualidade, um preço adequado e ainda tenha um aspecto próximo do real. Assim, pelo seu fantástico sistema de sensor magnético, pela sua facilidade uso e personalização, recomendo este dispositivo para os que querem voar sem compromissos.

  • MarcaThrustmaster
  • ModeloTCA Sidestick - Airbus Edition
  • Lançamento2020
  • PlataformasPC
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Não ter a capacidade de remover botões, tapando os buracos
  • Controlo de potência embutido é escasso

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