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Análise: PlayStation 4

Todos sabemos que a PlayStation 3, apesar de ser uma grande peça tecnológica, teve os seus problemas e um início bastante atribulado. Para enumerar algumas coisas, posso dizer que no seu lançamento tinha um preço elevadíssimo e programar para o seu processador sempre foi uma tarefa dolorosa. A Sony, esteve atenta a todas as críticas, debruçou-se sobre o assunto e  aperfeiçoou tudo na sua nova consola.

A PlayStation 4 surge assim com um preço mais acessível, uma arquitectura baseada nos computadores lá de casa, que facilita não só a programação como também deixa de parte os ports problemáticos dos jogos multi-plataforma e por último, mas não menos importante, redesenhou por completo o comando DualShock. Vamos então conhecer a nova PlayStation?

Design

Para começar a consola é bastante mais pequena e leve do que aparenta, em termos de tamanho e peso é muito semelhante à PS3 Super Slim. É um aparelho muito compacto e também muito bonito, arriscaria dizer que é a consola mais bonita que a Sony já fez, abandonando por completo as linhas curvas e com um aspecto recto de perfil ligeiramente inclinado.

O logótipo da PlayStation está inscrito numa parte brilhante dando um toque de classe à consola, todo o resto é em preto mate. Um design subtil que fica muito bem em qualquer sala de estar. Por fim, no topo existe uma ligeira faixa luminosa que indica o estado actual da consola:

Azul: Está a ligar
Branco: Ligada
Amarelo: Stand-by
Vermelho: É melhor desligar porque está muito quente
Preto: Desligada

Atrás, de forma muito arrumada, podemos encontrar uma saída de som óptica, um porta proprietária para a câmara, uma porta Ethernet e por fim a tomada HDMI. Não se esqueçam quando estiverem a ligar o cabo HDMI de o fazerem com cuidado. Recordem-se que esta tomada deu alguns problemas. Atenção, também, que a PlayStation 4 é apenas compatível com televisões digitais, querendo com isto dizer que as televisões mais antigas já não irão obter sinal.

À frente, as únicas tomadas visíveis são duas USB 3.0, utilizadas para carregar os comandos ou até mesmo a Playstation Vita. Aqui há um grande pormenor. Agora é possível recorrer a um modo chamado “Stand-By” que permite que a consola continue a descarregar actualizações ou a instalar jogos mesmo “desligada” e também carregar estes comandos ou a Vita.

Normalmente as USB são sinónimo de multimédia. Por exemplo, na PS3 era possível transferir MP3, vídeos ou até mesmo imagens para a consola. Contudo, na PS4 não é possível recorrer a essa lógica e a Sony nem sequer deu compatibilidade com discos externos. Algo que deve mudar num futuro próximo.

Hardware

Por dentro, a PS4 está equipada com uma unidade APU que incorpora a unidade gráfica (GPU) e o processador (CPU) Quad-core da AMD, denominado por “Jaguar” . Esta fera é capaz de 1,84 teraflops, ficando encarregue dos jogos. Para downloads em background e para o streaming, existe outros processadores dedicados para que as funcionalidades extra da consola não se intrometam na performance dos jogos.

A GPU, também incorporada na unidade central, é baseada na tecnologia da série Radeon da AMD. Sem entrar em detalhes técnicos posso dizer que é semelhante em termos numéricos à Radeon HD 7870 que equipa computadores pessoais. Em conjunto com os fantásticos 8GB de RAM GDDR5 e um disco rígido de 500GB (com a possibilidade de fazer um upgrade ao disco sem pôr em risco a garantia), a consola demonstra fluidez e rapidez como nunca antes visto num sistema Playstation.

Interface

A Sony deixou para trás o menu XMB (Cross Media Bar) e usou uma nova abordagem mais focada na vertente social a que chamou de Dynamic Menu. Este menu é composto por duas linhas horizontais. A principal serve para jogos e aplicações, tudo ordenado por ordem cronologicamente invertida, para aceder mais facilmente às ultimas aplicações usadas. Tendo em conta o grande disco de 500GB, rapidamente o irão encher de jogos e ficarão com uma longa barra de jogos para navegar. Esperemos que no futuro a Sony arranje forma de ordenar ou agrupar os itens para que possamos organizar melhor a barra.

O primeiro ícone “What’s new” mostra todas as novidades da PSN e dos nossos amigos como troféus ganhos, streamings a decorrer ou até mesmo pontuações que tenham feito na PSN. Em cada jogo que seleccionemos, a informação é actualizada da mesma forma, num sub-menu, mas filtrada ao jogo seleccionado.

Por cima desta barra temos as definições de sistema, acesso ao nosso perfil, amigos e troféus com a novidade de termos agora a percentagem de raridade de cada troféu, uma ideia possivelmente “emprestada” do Steam. Basicamente, verifica com todas as pessoas, a nível mundial, quais os troféus que possuem e calcula o seu nível de raridade.

Tudo está pronto para ser usado nuns rápidos 30 segundos, desde que ligam a consola. Os 8GB de memória RAM certificam-se que os menus estão sempre fluídos, mesmo com jogos a correr em background. O menu principal está sempre à distância de um clique no botão PS que nos deixa imediatamente no início da barra de aplicações. Quando carregado duas vezes seguidas, permite mudar entre aplicações que estejam abertas. Por exemplo, com o web browser.

Toda a navegação do menu é super rápida, incluindo na própria PlayStation Store, algo que os fãs pediam há muito tempo. Contudo o Dynamic Menu ainda precisa de uns ajustes para ficar a 100% e também não há forma de o personalizar com diferentes temas.

DualShock 4

A PlayStation 4 é uma excelente combinação de design industrial e um excelente hardware de gaming, mas como se comporta o novo comando?

O DualShock, desde que foi anunciado em 1997, pouco mudou ao nível de design. No entanto, com a quarta geração deste comando (sem contar com o SixAxis), o DualShock 4 muda radicalmente o que já conhecíamos, embora consiga que qualquer utilizador dos antigos comandos fique imediatamente familiarizado. O DualShock 4 é mais pesado 40g que o seu antecessor e um pouco maior, o equilíbrio certo para longas horas de jogo sem incomodar.

Aprendendo com as críticas dos jogadores, a Sony optou por colocar analógicos e gatilhos côncavos, permitindo melhor aderência. Este são muito mais precisos e com um raio de operação menor, obtendo excelente fluidez de movimento. Os dois analógicos com cobertura de borracha têm um alcance mais curto e oferecem mais resistência, permitindo uma precisão de jogo mais elevada. É preciso alguma adaptação ao seu tamanho e maior precisão.

Seguindo a ideia do comando da Xbox 360, a Sony incorporou agora uma tomada para headphones, que permite ligar qualquer tipo de auscultadores, até mesmo dos actuais telemóveis com microfone incorporado ou não, para usar no chat ou para transmitir todo o áudio do jogo directamente para os auriculares. Experimentem usar os auriculares da Playstation Vita, por exemplo, e não vão querer outra coisa.

A coluna de som integrada no comando fornece uma experiência mais abrangente, passando alguns sons, como intercomunicadores ou avisos, directamente para o comando. Algo bastante utilizado pela Nintendo. A coluna é, no entanto, só de um canal (mono), não servindo para o áudio geral do jogo.

Uma grande novidade é o painel táctil e clicável no centro. Ainda é pouco usado nos jogos actuais, mas é uma adição inteligente e capaz de se tornar interessante, se for bem usada. Os menus da PS4 também podiam usar este touchpad, no entanto não consegui perceber porque no web browser não é usado como se tratasse de um rato. Carregando no R3, por exempo, podemos usar os sensores de movimento para mexer o ponteiro do rato, mas não o touchpad.

A pequena luz frontal presente no comando, chamada de Light pad serve para identificar os jogadores pela cor, em Split Screen por exemplo, ou adapta o ecrã de forma a ficar alinhado com o jogador. Mas há mais funções. Alguns jogos poderão usar esta característica para captura de movimento ou realidade aumentada como o Playstation Move. Também é usado como indicador de actividade em alguns jogos, como no Killzone, em que indica, através das cores Verde, Amarela e Vermelha, o nível actual de vitalidade.

Por fim, a Sony abandonou o botão Select e Start e substituiu-os pelo Share e Options. O Options é basicamente o Start. Permite aceder ao menu dos jogos e no sistema da PS4, mostra opções secundárias. Já o Share, é uma funcionalidade que merece o seu destaque, já a seguir.

Em termos de duração da bateria, o DualShock 4 dura 6 a 7 horas, o que é bom para uma sessão normal lá em casa. Demora cerca de 2 horas a carregar por completo. Informo-vos que o comando é compatível com PC e Mac, desde que tenham Bluetooth.

Share

Como já referi anteriormente, a Sony empenhou-se na vertente social e bom exemplo disso é o novo botão “Share” presente no DualShock 4. Este botão, quando pressionado, permite partilhar o que estão a fazer no momento em menos de 20 segundos e têm três opções para o fazer:
Um dos sub-processadores dedicados presente na PS4 está constantemente a gravar os últimos 15 minutos de jogo. Assim, quando acontecer algo épico e memorável no vosso jogo, têm ali pronto para partilhar no vosso Facebook ou Twitter. A segunda opção de share, é simplesmente partilhar uma captura de ecrã do vosso jogo, simples mas muito prático. Por último, a melhor parte, podem transmitir em directo o que estão a jogar via Twitch ou UStream para todo o mundo. Ao fazê-lo, é perguntado o nome da transmissão e se desejam partilhar o vosso micro e câmara, para que os espectadores vos possam ver. Infelizmente, pelo menos para mim, não é possível ter mais que uma conta nestes serviços. Daria jeito para fazer streamings pessoais e para o WASD.

PlayStation Camera

Mais que um periférico para usar imagem, a PS Camera é uma adição de alguma importância para a PS4. Trata-se de um periférico separado (vendido à parte ou em bundles) que possui duas lentes para medição de profundidade de campo e microfones integrados.

Em primeiro lugar, recorrendo à sua câmara avançada de dupla lente com capacidades de reconhecimento facial, podemos evitar usar palavras passe para entrar na consola, bastando apenas olhar para a câmara. É um opcional, mas bastante útil para evitar entradas indesejadas de estranhos no nosso perfil.

Mas além disto, a Câmara possui um sistema de microfones incorporado de grande alcance. Isto permite activar comandos de voz na consola. Por exemplo, dizemos “Playstation”, “Power” e “Stand-By” e colocamos a consola em modo Stand-by. Mas há comandos para mais funções, como opções de jogo, fazer captura de imagem e tantas outras. Perderão um bocado de tempo para aprender todas as frases. Mas há um pequeno menu de ajuda que aparece sempre, como um lembrete assim que dizemos “Playstation”.

A câmara permite ainda ter acesso ao PlayRoom, uma aplicação de realidade aumentada onde podemos usar o pad colorido do DualShock 4 para interagir com personagens animadas. Este é apenas o primeiro jogo de realidade aumentada da Sony. Esperam-se jogos com interacção também com o Playstation Move (compatível com a PS4), Wonderbook e outros periféricos.

A Playstation Camera é uma excelente adição, embora algo dispendiosa para um periférico que só serve na PS4. Aumenta a experiência e explora capacidades da consola ao nível da realidade aumentada e funções de captura de movimentos.

Os jogos

O próprio slogan “This is for the players” indica que a PlayStation 4 está focada nos gamers hardcore. Quando se trata de jogos multi-plataforma, estes estão, comparativamente, bastante melhores que na geração anterior. Contudo os jogos de lançamento de produção própria, quanto a mim, não mostram o verdadeiro potencial da consola.

Knack, é um jogo divertido, excelentes detalhes gráficos, mas o seu género não será a escolha para muitos gamers. No outro lado temos Killzone: Shadow Fall, este será provavelmente o jogo mais comprado no início, tem gráficos excelentes e é imersivo, mas… é mais um shooter, sem inovar.

Obviamente que mais jogos virão e tirarão melhor partido do hardware colossal da PS4. Também há jogos multi-plataforma de produção de terceiros que estão a explorar muito bem a capacidade gráfica da PS4 como Battlefield 4 ou FIFA14. Mas, até haver mais oferta que tire proveito de todas as capacidades da consola, a escolha não é muita e pode não justificar o upgrade para muitas pessoas.

Remote Play

Quando a PS Vita foi revelada foi logo anunciada uma funcionalidade chamada Remote Play que iria permitir, segundo a Sony, jogar os jogos da PS3 na Vita através da nossa rede. Contudo esta foi uma promessa vazia na PS3. Poucos foram os jogos que usufruíram dela. Na PS4, porém, é diferente. Todos os jogos são compatíveis com o Remote Play, porque se trata de uma funcionalidade da consola e não algo que tenha de ser programado nos jogos.

Pelo que testei, o Remote Play funcionou sempre na perfeição. Andei por todas as divisões da casa e conseguia jogar vários jogos sem qualquer problema e sem qualquer lag. É tão rápido que dá para utilizar a Vita como um comando, quando tiverem o DualShock a carregar, por exemplo.

Tecnicamente, é feito um stream da PS4 directamente com a Vita em que a qualidade gráfica é comprimida para o ecrã mais pequeno e, por vezes, nota-se alguns traços verticais no refrescamento, mas nada que incomode. Alguns jogos, como o Assassins Creed IV, detectam que estão em Remote Play e modificam os botões para serem usados na Vita. Quando isso não acontece, o painel traseiro da Vita é dividido em quatro partes, para o L2 / R2 / L3 / R3.
O Remote Play é uma funcionalidade muito boa na PS4 e certamente conseguirá vender consolas!

Veredicto

A PlayStation 4 abre assim a porta para a próxima geração. É rápida, tem uma filosofia de colocar os jogos em destaque e volto a repetir o quanto gostei do seu aspecto.
O seu colossal Hardware leva a Sony a afirmar que a performance ultrapassa dez vezes a PlayStation 3, contudo os jogos actuais ainda não mostram o grande potencial da consola. Ainda precisa de alguns retoques nos menus, mas nada que uma futura actualização não resolva.

  • MarcaSony
  • ModeloPS4 CUH-1004A
  • Lançamento2013
  • Plataformas
?
Sem pontuação

Ainda não tem uma classificação por estamos a rever o nosso esquema de pontuações em análises mais antigas.

Mais sobre a nossa pontuação
Não Gostámos
  • Interface precisa de uns retoques
  • Ausência de funções multimedia (Mp3)
  • Jogos de lançamento

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