Accionista manifesta-se publicamente contra a estratégia e resultados da Ubisoft
Que os dias já foram mais famosos para a Ubisoft não é novidade. A mergulhar numa fase profundamente negativa a nível financeiro, um investidor decidiu escrever uma carta aberta a manifestar o seu desagrado pelo actual rumo da empresa.
A carta aberta tornada pública é de Juraj Krupa do fundo de investimentos Eslovaco AJ Investments and Partners, com um sugestivo título “Pedido Urgente para Mudanças Estratégicas e Estruturais na Ubisoft Entertainment”, com oito páginas de dados e constatações, além de uma chamada à acção de outros accionistas minoritários para se juntarem neste protesto.
A carta surge depois do lançamento de Star Wars: Outlaws, em que os resultados de crítica e vendas fizeram a empresa descer a sua cotação na bolsa para valores históricos, tendo já nesta semana voltado a cair para valores ainda mais baixos, como comentámos ontem. Outlaws terá sido apenas um dos vários motivos pelo mau momento da produtora e editora Francesa, havendo há anos duras críticas à gestão de Yves Guillemot e companhia, entre lançamentos fracos, algumas decisões polémicas e ondas de despedimentos na Europa e resto do mundo, situações que diminuíram a confiança interna, chegando mesmo a provocar greves.
Krupa diz na carta que, apesar de representar “uma minoria” de investimento na Ubisoft Entertainment, expressa a sua “profunda insatisfação pela actual performance e direcção estratégica da empresa”. Adiante, a carta menciona que os resultados recentes, “com os adiamentos de Rainbow Six e The Division para 2025 e uma perspectiva baixa de lucros para o segundo trimestre de 2024, aumentam as dúvidas sobre a capacidade da gestão de entregar valor aos investidores a longo prazo”, comentando ainda o decréscimo de valor da empresa em cerca de 40% perante a concorrência.
O investidor é incisivo a culpar tanto a família Guillemot, titular maioritário das acções, como o grupo Chinês Tencent, segundo maior titular, pelos maus resultados, dizendo que a subvalorização da empresa resulta de um foco “em agradar investidores (como a Tencent) ao bater resultados trimestrais” ao invés de se “focar numa estratégia a longo prazo para uma experiência excepcional para os jogadores”. É uma opinião pessoal do investidor mas que parece ir de encontro à opinião geral de analistas e do público em geral.
Krupa chega mesmo a sugerir a privatização da Ubisoft, algo que removeria o poder centralizado nestes dois maiores investidores mas poderia provocar um “takeover”, já tentado há anos pela própria Tencent. Outras sugestões passam por um maior foco nas principais licenças e uma possível optimização dos estúdios e dos gestores de topo. Obviamente, cabe à Ubisoft responder a esta carta e acatar ou não estas sugestões do investidor que, sendo minoritário e escolhendo esta avenida pública, pode mesmo ficar sem resposta.
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