Jogador Profissional de eSports assume uso de drogas
Esta era uma notícia que não gostaríamos de dar. É, no entanto, algo inevitável. Não porque a actividade seja exigente ao ponto de ser necessário o uso de drogas para potenciar a performance, mas porque não há real controlo nesta actividade e o assunto parece uma piada banal. O jogador em causa, chega a dizer que “todos” os que estão a jogar profissionalmente usam drogas.
A droga em causa é um psico-estimulante de nome comercial Adderall. Trata-se de um composto derivado das anfetaminas e que é usado no tratamento de distúrbios de atenção e narcolepsia. Rapidamente encontrou adeptos como um químico para recreação, dadas as capacidades estimulantes e afrodisíacas. Aplica-se com fins terapêuticos com acompanhamento médico mas também é usada como uma “droga semi-legal” para manter longos períodos de concentração. “Semi-legal” porque não pode ser adquirida sem prescrição ou acompanhamento médico. O mercado paralelo, porém, não liga a essas formalidades. Os efeitos colaterais são perigosos, desde a taquicardia até ansiedade e depressão. Usada em excesso pode levar a problemas graves de privação de sono e excesso de euforia.
Já era de prever que o uso de estimulantes para jogos de elevada pressão fosse uma realidade. A cafeína contida em refrigerantes e outros compostos estimulantes em bebidas energéticas, estão habitualmente presentes nas maiores competições. No meio dessa aparente “normalidade” do uso e abuso dessas substâncias viciantes, era de prever a entrada de outras substâncias mais potentes, sobretudo nas competições de maior duração, em fusos horários diferentes e mesmo em situações de maior pressão. Nunca se assumiu, porém, o uso de Anfetaminas ou derivados desta forma tão trivial.
Em entrevista ao canal de Youtube LAUNDERS CSTRIKE, o jogador profissional Kory “Semphis” Friesen, líder da equipa campeã de CounterStrike de nome Nihilum e treinador da equipa feminina Counter Logic Gaming Red, ainda hesita, mas acaba por admitir que usa Adderall em eventos eSports. Em comentário a um dos seus jogos da ESL (Liga Profissional, cuja sigla significa Entertainment Association League) o jogador ainda diz “se ouvirem as comunicações irão ver que estamos todos sob o efeito [de Adderall]” (minuto 7:45). A seguir o entrevistador faz a simples observação “todos nas ESL usam Adderall”, que Friesen também confirma.
Fonte: VG247
Será que há vantagem? Sendo esta droga usada em tratamento de falta de concentração e narcolepsia, é possível que alguns jogadores precisem deste estimulante para poderem dar o seu melhor nos eventos. Agora, que todos ou quase todos o usem, parece algo desnecessário e sintomático de uma viciação de comportamento. Dá a entender que o elevado estado de vigília, aliado ao estímulo eufórico do medicamento pode dar alguma vantagem teórica, pelo menos no tempo de reacção e até na redução do cansaço.
Ora, não havendo uma fiscalização aparente do uso de drogas e estimulantes nestes eventos, é irrelevante tentar perceber se há vantagem ou não, sobretudo se “todos” usam este ou outros estimulantes. Pode o nível de performance estar influenciado e corrompido pelo uso destas ou outras drogas? Obviamente que sim. Nesta fase, já não dará para perceber o que é performance aumentada ou natural.
O pior desta notícia e do vídeo acima, é a “piada” que dá aos interlocutores falarem nisso. O sorriso e a descontração com que se admite o uso de drogas estimulantes, parece minimizar a gravidade do uso destes estupefacientes recreativos num desporto que se pretende isento disso mesmo. Começa aqui e termina onde? Será que a pressão de ser o melhor para ganhar cada vez mais dinheiro é justificação suficiente para colocar a saúde em causa? Infelizmente, parece-nos que esta questão é meramente secundária no mundo dos eSports. O que interessa, aparentemente, é ganhar a todo o custo.
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