Microsoft inicia “campanha de charme” em jornais Britânicos
Nos últimos dias, a Microsoft está empenhada em convencer o mundo, especialmente quem tem o poder de decisão, de que o seu negócio de compra da Activision é algo positivo. Até com anúncios em jornais.
Não é inédito que empresas comprem espaços de publicidade para falar dos seus investimentos ou intenções. Jornais como o Britânico Financial Times são apetecíveis, porque atingem exactamente a audiência certa: os executivos, investidores e burocratas, neste caso em particular nas chamadas “Terras de Sua Majestade”.
Isto, porque o governo do Reino Unido, mais precisamente a Autoridade para a Concorrência no Reino Unido (Competition and Markets Authority ou CMA) é uma das entidades públicas que manifestou oposição ao negócio. Phil Spencer esteve mesmo de visita àquele país, participando em algumas audiências no âmbito desta investigação.
Talvez por isso, como avança o site The Verge, a Microsoft iniciou uma campanha de publicidade em dois jornais deste país, incluindo o Financial Times. O anúncio, na verdade um comunicado promocional disfarçado de publicidade, informa os leitores que a compra da Activision trará Call of Duty a “mais 150 milhões de jogadores”, sendo esse “um dos compromissos” para a aprovação do negócio.
Também a frase “mais jogos, para mais jogadores em mais plataformas”, parece indicar que os títulos da Activision serão publicados em mais dos que as actuais plataformas, o que não parece fazer grande sentido. No mínimo, o compromisso seria de “manter” os jogos nas suas plataformas actuais mas a acusação é que a Microsoft poderá preferir reduzir a oferta a uma selecção de plataformas, inclusive as suas exclusivas.
Até à data, a CMA ainda não se pronunciou concretamente se irá aprovar ou não o processo de compra no Reino Unido. Apesar da visita de Spencer ao país, não terão sido muito bem recebidas as palavras do CEO da Activision Bobby Kotick que disse, também ao jornal Financial Times, que o “frágil governo britânico” não teria “pensamento independente”, estando dependente da autoridade Norte-Americana, FTC.
Vejamos se a dispendiosa publicidade (uma página inteira pode custar algo como 200.000€ por dia) surte efeito junto dos decisores. É, sem dúvida, uma “campanha de charme”, como uma acção política de sensibilização. Uma vez mais, duvidamos sinceramente que seja mesmo o interesse dos jogadores que esteja no pensamento de ambas as partes no que toca ao negócio. Mas, enfim, cá estaremos para ouvir este e outros veredictos ainda por anunciar.
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